UM POUCO SOBRE O ORIXA IKU
Sim, Iku é um orixá. Ele quem foi escolhido por Olodumare a conduzir o ciclo da criação, devendo vir todos os dias ao Aiye levar as pessoas que seu tempo na Terra já terminou e devem ser reconduzidas ao Orum. Iku não mata ninguém, ele simplesmente toca essas pessoas com seu kumon (bastão que usa para retirar o emi, sopro da vida dado por Olodumare), com este toque a pessoa se desliga desse plano e acorda no outro.
A função de Ikú faz com que ele não seja amado, e consequentemente não seja cultuado, muito menos compreendido. Afinal, a Ikú foi dada a missão de finalizar a existência dos seres do planeta Terra. Por motivos como medo do desconhecido, apego aos entes queridos ou, simplesmente, falta de uma reflexão mais profunda, o ser humano ainda não consegue entender sua belíssima tarefa. É necessário que as existências e os acontecimentos se findam para que novos estágios de existências e situações aconteçam. Todos sobrevivem à morte (que na verdade não existe, o que existe é o desencarne) e podem tornar-se imortais na memória dos que o amaram, pelos seus feitos positivos em vida e no ipori de seus descendentes. Embora Iku retire a vida, só ele pode abrir caminho para uma nova existência. A reencarnação (atunwá) só advem após a morte, e é fundamental para que sejam alcançados os elementos que um dia poderão tornar aquele Ser Humano um ancestral honrado e importante (um esá): o resgate (gbígbàsílè), o arrependimento (ìrobinúje), o perdão (dákun) e com isso alcançar a salvação (ìgbàlá).
A morte constitui o final de um ciclo, onde devemos sempre ter em mente que a passagem no Aiye é temporária, e tem como propósito geral de crescimento espiritual, resumindo-se na missão pessoal de cada indivíduo. Aquele que tem medo da morte não entende a crença ou que a vida é um processo de aprendizagem. A vida é uma experiência momentânea, que quando chega seu fim é porque a aprendizagem está completa. A pessoa poderá assim regressar a seu verdadeiro local de origem e constituir-se em um espírito protetor para seus seres queridos, que permanecerem no Aiye.
AQUI VÃO DOIS ITANS DE IKU:
Ikú antigamente só levava à morte quem Olodumare ordenava, mas depois de um fato em sua existência, Ikú se tornou cruel. Por um engano, uma injustiça, a mãe de Ikú foi espancada e morta na praça do mercado de Ejìgbòmekùn. "Assassinaram a mãe de Ikú!" começaram a gritar. Ikú ouviu e gritou enfurecido. Fez do elefante a esposa do seu cavalo. Ele fez do búfalo a sua corda. Ele fez do escorpião o seu esporão bem firme pronto pra lutar. Ikú batalhou contra os humanos e matava quantos podia e matava sem piedade, mas uma vez perdeu a luta. Ikú foi julgado, e seus inimigos o obrigaram a comer tudo o que era proibido comer, segundo o conceito do èwò. Os inimigos de Ikú foram a sua casa e chamaram Olójòngbòdú, a mulher de Ikú. Olójòngbòdú foi chamada cedo, pela manhã e os inimigos perguntaram o que seu marido não podia comer, o que ele tinha como èwò. Ela disse que Ikú, seu marido, não podia comer ratos, pois as mãos de Ikú tremeriam sem parar. Ela disse que Ikú, seu marido, não podia comer peixe, pois os pés de Ikú tremeriam sem parar. Ela disse que Ikú, seu marido, não podia comer ovo de pata pois Ikú vomitaria sem parar. Os inimigos de Ikú o obrigaram a comer todos os alimentos proibidos, isso o enfraqueceu e o impediu de matar sem qualquer critério (Aqui vemos como é forte o conceito do ewo, quizila, que parou o próprio Iku, por isso sempre devemos respeitar nossos ewo e de nosso orixá). Após isso, Iku continuou a não gostar dos humanos, por isso os suicidas e assassinos são condenados por Iku a vagarem sem descanso no mundo da escuridão, já que importunaram Iku obrigando-o a antecipar sua tarefa.
Apesar de ser um dos mais belos dos orixás (Sim, ele é um belo orixa, pensam e dizem que ele é feio por causa da tarefa que lhe foi atribuído), Ikú tinha apenas uma única esposa, mas mesmo assim Orunmilá queria arrebatá-la. Orunmilá consultou o oráculo e foi dito para ele fazer um sacrifício, e assim foi feito. Após o feito, Orunmilá conseguiu arrebatar a esposa de Ikú para longe. Ao descobrir, Ikú pegou seu Kumo (bastão em que usa para retirar o sopro de vida), e partiu em direção à casa de Orunmilá. No caminho, encontrou com Exu na frente de uma casa. Depois que trocaram saudações, foi perguntado para onde iria, e respondeu que iria à casa de Orunmilá. Exu perguntou qual era o problema, e Iku respondeu que Orunmilá tinha-lhe roubado a esposa, e por isso tinha de matá-lo. Exu, que era muito amigo de Orunmilá, implorou para que Ikú se sentasse. Após conseguir, deu-lhe de comer e beber. Depois que Ikú comeu até se satisfazer, se levantou, pegou seu bastão e partiu novamente à casa de Orunmilá. Exu perguntou novamente onde ele ia, e tem a mesma resposta de antes. Exu então disse "Como você pode comer a comida de um homem, e querer matá-lo? Você não sabe, mas a comida que a pouco você comeu, pertence à Orunmilá!". De repente, Ikú não soube o que fazer, e disse "Diga a Orunmilá que pode ficar com a mulher". Assim Ikú ficou sozinho, sem filhos e sem esposa, sendo o orixá mais fiel à Olodumare, pois é o único que jamais deixa de cumprir integralmente sua missão, percorrendo todos o aiyê sem cansar para cumprir sua tarefa. Por isso, se recebemos uma pessoa em nossa casa, damos abrigo, alimentação, essa pessoa não poderá nos fazer mal, e se o fizer pagará com a própria vida por este ato. Nem o próprio Ikú matou Orunmilá depois de comer sua comida, quem somos nós para fazer mal a quem nos alimentou.
Iku é um guerreiro, e também um dos Irúnmolè do lado esquerdo. É uma divindade que não se fixa em nenhum lugar. Gira em torno do mundo para realizar sua tarefa.
Ikú passou por grandes tristezas. Ikú é intimamente ligado a Nanã, Obaluaiye, Ogum, Oya, Egungun e às Iyami. Iku se veste de branco, e deve ser respeitado pois todos o encontrarão um dia.
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